domingo, 1 de abril de 2012

Cores e luz

Outro dia me lembrava com ternura de dias vividos no sol quente do Nordeste. Lugar comum, pessoas simples e felizes. Dias que não requeriam grandes questionamentos, apenas boas risadas, farta e saborosa comida até o dia seguinte, e o seguinte, e o próximo além deste. Dias repletos de felicidade.

Já naqueles dias, em meu banheiro, eu treinava frente ao espelho entrevistas para alguém. As perguntas eram as mais variadas e eu me obrigava a pensar sobre tudo o que minha mente me permitia, respondendo o que quer que eu pensasse na época. O importante era olhar para mim mesma refletida, acreditando em tudo o que acreditava e acreditando que um dia alguém se importaria.

Ainda naqueles dias eu me via num lugar bonito, com poucas mesas, alguma luz, um som quase acústico e eu, cantando e brilhando ao centro. Sonhava que o que levaria a um dia as pessoas se importarem com a minha opinião começaria ali, num palco pequeno, no centro da cidade, com poucos convidados importantes.

Quando conheci o Espaço Parlapatões tive certeza que seria ali e mesmo sabendo que eles não costumavam fazer shows, desejei intimamente que fosse naquele palco de portas abertas para a rua a minha iniciação. Não, eu não poderia imaginar que ainda por cima seria com o amor da minha vida, seria pedir demais. Mas parece que merecemos e foi exatamente assim, a realização de um sonho.

Belo momento pra voltar a escrever, necessário. Mente fervilhando, são muitos os projetos! Vamos pra frente, pra cima, pro mundo! E precisamos manter os pés no chão, enquanto nossa mente divaga.

Hoje, posso dizer que nunca fui tão feliz na vida. E o que me deixa mais feliz ainda é saber que estamos em ascensão, neste crescente! Juntos rumo às estrelas. Então, sem medo e sem pesos, vamos seguindo direção ao infinito!

Obrigada universo, obrigada todos, obrigada vida!

domingo, 8 de maio de 2011

Sobre o amor e seu trabalho silencioso...

Vai pegar feito bocejo
Ou que só o sentido vê
Instigado num lampejo
Despertado pelo beijo
Que o baile parou pra ver

Da marchinha fez silêncio
Num silêncio escutei
Uma disritmia em meu coração
Que se instalou de vez

Sobre o amor e seu trabalho silencioso - Céu

E de repente chega, assim, sem avisar muito. Embora os prenúncios já fossem de ventos bons e o coração já comemorasse em sorrisos largos vez ou outra, a mente pedia para que houvesse cautela. Lembramos de casos antigos e tentamos traçar um padrão a seguir. Ingenuidade novamente.

Não seria mais simples se nos deixássemos levar como as aves que muitas vezes voa em círculos apenas aproveitando as rotas que os ventos sugerem? Foi assim, olhando as aves e os ventos, as tartarugas no mar, as crianças que sorriam mais e sempre mais aos meus sorrisos, foi exatamente através do que não se vê que senti que era hora de me largar novamente.

Qual a minha surpresa ao encontrar o amor no amar, no ato de ser amada. E foi assim, querendo retribuir aquilo que sentia, querendo sentir mais aquilo que desde sempre foi bom demais, foi assim que o amor foi trabalhando silenciosamente dentro das minhas partes e me tomou por inteira. Felicidade viver em paz.

Obrigada ao amor. Obrigada a quem me ama. Obrigada à vida e às minhas mães estrelas...

domingo, 24 de abril de 2011

Ser só... só ser!

" Sabe gente, é tanta coisa que eu tenho até medo.
Sou eu sozinho e este nó no peito, já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder."


Música de Gilberto Gil - Eu preciso aprender a ser só.

Entrei em contato com esta música num momento da minha vida em que eu me apegava justamente nesta frase. "Sou eu sozinho e este nó no peito..." Sempre acabo assim, sozinha e tendo que caminhar sozinha, e como disse no post anterior, fico à espera deste alguém especial, que irá me acompanhar e me frustro quando não encontro.

Hoje em dia, re-visitando a música dentro de mim algumas vezes, me apeguei a outras frases dela. A que diz por exemplo "eu preciso aprender a só ser".

Não sei se sei ser só, mas levo muito bem minha solidão e tiro muitos proveito dela. Agora, ser, apenas ser, assim, existindo conforme o presente manda, sendo coerente com o que se acredita, agindo de acordo com os seus valores, bom, isso já é parte de outra tarefa.

Este ano iniciei como nunca antes. Como estava num lugar ermo, afastado, tive o prazer de entrar em contato com as minhas partes mais sinestésicas, parei para me escutar e escutar minha intuição mais atentamente. Descobri que muitas vezes se ouvir e querer ser o que se ouve exige muito mais que coragem. Exige um despreendimento com a opinião alheia, comprometimento com você mesmo e muita disposição, acima de tudo. Pois há muita inveja em cima de uma pessoa que aparenta segurança.

Ninguém me pergunta sobre os meus esforços diários para me melhorar como ser humano. As pessoas só me vêem num vestido bonito, com uma maquiagem modesta mas que ressalta meus traços, sorriso largo (reflexo de minha alma) e olhar sincero, me julgam bem sucedida e acreditam que eu simplesmente fui afortunada por ter nascido assim.

Sem dúvida que sou afortunada por tudo o que disponho para correr atrás de meu sucesso. Agora, não há nada sem trabalho. E por mais que o mundo inteiro me diga que o trabalho que mais enriquece é aquele que lhe dá mais dinheiro, eu digo que meus valores são inteiramente diferentes e o que me enriquece é aquilo que enobrece minha alma.

Minha esperança em ser extremamente rica é poder entrar nesse sistema e questioná-lo, e bagunçá-lo com humor e fazendo o bem. E no meio disso tudo aprender a forma mais simples de existir, em contato com as minhas forças internas, em contato com as forças espirituais que estão aí para nos amparar, em contato com a natureza que à todo momento me traz de volta para a realidade e me mostra que eu sou apenas uma pecinha fundamental nesta roda que não pode parar, como todas as outras pecinhas fundamentais.

Então, de repente o peso vai se esvaindo. Não por completo, mas parece que consegui deixar algo para trás. A estrada é longa. Aprender a ser não é tarefa fácil mesmo. Axé para nós e os trabalhos que se seguem.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Apareça...

Sabe aquele tipo de sentimento que você não sabe muito bem o que fazer para que desapareça, então você o sufoca até que ele se transforme num sentimento compacto, que você jura que deixou de existir?

Um dia, logo após acordar, aquilo lhe vem à cabeça e você descobre que não, aparentemente você não resolveu, algo ficou ali que ainda lhe provoca perguntas. Bem, pergunte-se então. Responda-se. Entre em contato com aquilo que demorou tanto para conseguir considerar novamente, mas o faça. No tempo que lhe voltar à cabeça. Quando você achar que consegue lidar, mas não deixe nunca lá guardado.

Muitas vezes, aquilo que nos causa maiores dores e considerações mais confusas, que não sabemos de onde vieram ou como foram parar lá, é na verdade algo que simplesmente não resolvemos. Compactamos forte o suficiente para acharmos que não existe mais, mas está lá, fazendo as mesmas perguntas, hoje em dia talvez mais perguntas ainda.

Então, como num pop-up um caso antigo ressurge em meu pensamento. Como esgotá-lo? Fazendo todas as perguntas possíveis. Resolução: ser enganada não é bom. Mais atenção para os próximos romances.

Bem, não está de fato resolvido. Mas entendi agora que não está resolvido, então aos poucos vou me resolvendo. O importante é não deixar lá fingindo que passou, se não fico incapaz de passar para outra completa, íntegra, aberta e nova.

Perguntas infindas para esta nova fase. Me enchendo de argumentos para respondê-las.

sábado, 9 de abril de 2011

Amanda, a maluca!

Mesmo que sem idéia nenhuma sobre o que escrever, sinto-me na obrigação de fazer este exercício, pois hoje é o dia após a minha mudança de ciclo, meu ano enfim se inicia. E se inicia diferente, com uma Amanda que faz o que quer, zela por si própria, se coloca na frente e segue sozinha.

Quem me conhece a mais tempo pode até dizer que estou sendo redundante, mas irei confessar-lhes um segredo. Nunca gostei de andar sozinha. Sempre esperei a pessoa que deveria andar ao meu lado me ajudando a desbravar este mundão desconhecido. Mesmo que lá no fundo, sempre tentei agir pensando nas outras pessoas, pois sabia que corria um enorme risco de ser egoísta por ser filha única. Um monte de bobagens que nos contam e que nós acreditamos.

Hoje, aos 24 anos, percebo que as coisas são bem diferentes do que tentaram me mostrar sempre. Por que eu penso ser superior ou ter um pensamento muito melhor? Jamais. Mas porque interpreto e entendo o universo de acordo com a forma que aprendi a observa-lo, a entende-lo. Não é melhor que a de ninguém. É apenas a forma que melhor me cabe.

Tem gente que leva muito tempo para se aceitar, viver de acordo com o que pensa sem sofrer por muitas vezes não te compreenderem. Sempre tentei dizer a verdade, o máximo que posso, agir da melhor forma. E tem mesmo dado resultados. Hoje, depois de muito observar, percebi que as pessoas mais admiradas e queridas são as mais éticas e amáveis. Há que se ter não só muita coragem para ser o que é, mas doçura para ajudar quem não entende a entender que há espaço para todos neste universo imenso. Que eu ser da forma que sou não atrapalha a sua vida, a sua forma de ser. Talvez te faça ter certos pensamentos não confortáveis, mas todos superamos. E pensar algo novo é sempre uma delícia, mesmo algo que não entendamos. Receber ajuda com amor acaba fazendo com que as pessoas entendam melhor.

Então, as características que quero que todos reconheçam de longe são essas, alguém autêntica, ética, doce, apaixonada. Hoje, começando um ciclo novo, resolvi que esta sou eu. Em mutação sempre, mas a essência é essa mesma. Não vou me esconder, não vou adequar, não vou me acovardar e continuarei vivendo apaixonadamente tudo o que eu achar que devo. Prazer. Sou mesmo uma maluca, como até a Maria Flor já entendeu. Mas uma maluca necessária, e que faz bem. Não tenham medo. Entrem e fiquem à vontade.

"Bambeia, cambaleia...
é Dura na Queda,
custa a cair em si.
Largou família, bebeu veneno
e vai morrer de rir..."

Dura na Queda - Chico Buarque

segunda-feira, 7 de março de 2011

Do outro lado do rio.

É verdade que se expor, colocar as palavras de uma forma não só que as pessoas entendam, mas que se encantem também, não é fácil nem tão pouco mecânico. Há que se munir de muitas palavras e idéias antes de expô-las, é necessário criar um método, uma forma de pensar, de escrever e então trazê-las ao mundo seja em forma de canção, de poesia, de atuação, de pintura. Seja como for, o artista se coloca em sua arte e por isso tanta procura sobre si próprio, sobre o outro, sobre os sentimentos, ações.

A praia estava lotada, como sempre. Mesmo num dia nublado, com chuviscos e maré alta, melhor estar lá e provar que nada impede pessoas obstinadas que o enclausuro da casa. Nós (lê-se eu e maridas Lígia e Paula) estávamos munidas de um violão, cangas, água. Logo que chegamos atravessamos o rio, nos montamos numa pedra por lá e começamos a tocar violão, cantar, dançar, usar nossos corpos como instrumentos.

O rio então começou a subir e, embora muitas pessoas até quisessem atravessá-lo, a combinação de água extremamente gelada e alta, acabava por fazê-los desistir. Enquanto isso nós três continuávamos a cantar, tocar, dançar, viver em nossas artes, nossas expressões. Alguns olhavam, alguns dançavam, a maioria sorria. E nós lá, alheias ao resto apenas vivíamos intensamente.

Do outro lado do rio me senti segura, bonita, capaz e mais que isso, me senti pronta. Não só porque as pessoas do outro lado sorriam, mas porque as pessoas que estavam ali comigo me faziam sentir isso. Não há nada mais importante que ter as pessoas certas pra ajudar na caminhada. E quando encontramos pessoas assim, que além de estarem presentes na vida estão na arte, há que se comemorar. Hoje, eu cantei, dancei e agradeci aos mares. Agradeci imensamente. Axé.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Hora de rever conceitos.

Quando eu tinha seis anos de idade eu rezava para o pai do céu, para a mãe do pai e para todos os anjos. Todas as noites, antes de dormir eu rezava, mesmo sem muito entender o porque, era um momento meu e da minha mãe. Aos doze eu estudava numa escola católica, que tinha aula de religião católica, e minha mãe insistia que eu deveria fazer a catequeze. Como ela muito insistiu, eu fui alguns dias. Depois de algumas aulas e de pensar um pouco sobre aquilo, comecei a achar que aquele discurso não servia muito pra mim. Então, na época eu morava em Vitória da Conquista (só para situar o cenário) tinha uma amiga testemunha de Jeová e pedi para ir em algumas reuniões. Mesma coisa. Também procurei algumas igrejas evangélicas e depois de refletir mais um pouco entendi que o problema era a bíblia. Ok.

Desde então modifiquei muito o meu pensamento sobre religião, sobre existência, sobre vida, morte, continuação ou não. Mas o fato é que a cada momento eu tive que parar, buscar novas fontes de informações, confrontar com aquilo que eu tinha como conceito e formular um novo tipo de pensamento, que seria suficiente até quando eu achasse que precisava de outras formas de pensar.

Pois bem momento, cá estou entregue a ti. Quando achava que já tinha entendido boa parte da profissional que sou e que quero ser, dentro de mim a artista continua gritando "Tá raso, continua muito raso. Vá além que há muito mais". E o ser humano então? Este ser que sou me cobra cada dia mais entendimento, mais informações. E sabe, é tão bom aprender sempre! Têm sido delicioso, mesmo que a duras penas, que parece que pelo bem em geral demoramos a entender.

Então, quando todas as mudanças possíveis e imagináveis estão acontecendo de forma intensa e deliciosa, exatamente como sempre pedi e sempre vivi, ainda paro e entendo que é um momento oportuno para rever os conceitos. Cenas do próximo post!